segunda-feira, 24 de maio de 2010

O engano

Enganei-me. Toda a gente se engana, errar é humano, dizem. Realmente, se olhar para trás a única coisa que consigo ver são erros atrás de erros, enganos atrás de enganos, equívocos atrás de equívocos. Mas curiosamente nunca me arrependi. O arrependimento não é uma característica minha, simplesmente tenho demasiado orgulho para me arrepender de algo que fiz, mesmo tendo a noção que estava errado. Por outro lado, arrependo-me constantemente, quase diariamente, quase a cada clic que o relógio faz a marcar o segundo que passou. Mas arrependo-me do que não fiz, arrependo-me de me ter enganado e de não ter tido coragem de pedir desculpa, arrependo-me de não ter pegado em ti e fugido para um país tão longínquo que faria parecer o Cambodja o vizinho do lado. Mas arrependo-me ainda mais, de não conseguir corrigir os arrependimentos que me assombram e batem e espancam o dia todo, a noite toda, minuto a minuto, segundo a segundo, a cada clic do relógio. Por muito que queira, não consigo fazer nada, não me está no sangue. Bem, é melhor para de culpar os genes, cada um é dono de si próprio, e acho que fiquei mal amestrado.
Eu só queria que um dia não tivesse de me arrepender, que corresse tudo como planeio vezes sem conta na minha cabeça de vento, que não precisasse de fazer nada porque com um simples olhar tu entendias tudo o que eu penso ou quero, que não houvessem mais enganos, mais erros, mais equívocos e que tudo fosse tão simples como não parece nem é.

Melhores dias virão.

4 comentários:

  1. Como custa manter uma postura de orgulho quando sabemos exatamente o que deveriamos ter feito..
    Gostei do post.

    Cumprimentos,

    KM119

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  2. Está espectacular.

    Beijinhos,
    Tatiana Revez

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  3. "que não precisasse de fazer nada porque com um simples olhar tu entendias tudo o que eu penso ou quero, que não houvessem mais enganos, mais erros, mais equívocos e que tudo fosse tão simples como não parece nem é"

    gostei muito João.

    Jessie

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